

Compras Compulsivas
Maria buscou tratamento, pois estava muito triste e preocupada com o descontrole relacionado ao comportamento de comprar. Seu dia a dia problemático era muito característico, pois ela referia uma necessidade incontrolável para diminuir a sua angústia realizando alguma “comprinha”. O resultando evidente aparecia em sua conta bancaria, bloqueio dos cartões de credito e em dificuldades familiares, sociais, vocacionais e/ou financeiras que não ocorriam apenas em um contexto ou eram mais bem explicados por sintomas hipomaníacos ou maníacos.
COMENTÁRIO
A compra compulsiva pode causar dificuldades psicológicas, interpessoais e financeiras significativas e pode ocorrer concomitantemente com outros transtornos psiquiátricos. Os autores concordam que em muitos aspectos, o comportamento de comprar compulsivo compartilha características com abuso e dependência de substâncias e outras dependências comportamentais e de transtornos do controle dos impulsos com o transtorno do jogo (Grant et al., 2010).
Sua história familiar era de uma infância cheia de privações, na qual ela filha de uma família de classe média baixa era uma de seis filhas. O seu pai era bedel e mãe merendeira em uma escola Estadual, na qual Maria estudou e aonde os pais trabalhavam. Desde pequena, apesar de muito esforço, encontrou algumas barreiras para se formar e estava sempre muito aflita, pois nem sempre podia estudar, precisou mudar de casa muitas vezes e a comida era dividida em pequenas quantidades, já que eram muitas bocas para alimentar. Mesmo assim, ela conseguiu fazer curso técnico de enfermagem e aos 40 anos permanece solteira sem ter namorado nenhuma vez.
COMENTÁRIO
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA O TRANSTORNO DE COMPRAS COMPULSIVAS DSM5-TR
A) A preocupação, o impulso ou o comportamento de comprar desadaptativo como indicado por um dos seguintes elementos:
1. Frequente preocupação com as compras ou com o impulso em comprar, que são experienciados como irresistível, intrusivo ou insensato.
2. Comprar frequentemente, acima das próprias possibilidades, objetos muitas vezes inúteis (ou desnecessários), por um período de tempo mais logo do que o estabelecido.
B) As preocupações com o ato de comprar e seus impulsos podem causar angústia, estresse marcante e o tempo de ruminação sobre o ato de comprar, podendo interferir significativamente no funcionamento social e/ou ocupacional, resultando em problemas financeiros (por exemplo, dívidas excessivas ou falência).
C) O comportamento excessivo em comprar não ocorre exclusivamente durante o período de mania ou hipomania.
Na unidade de saúde que presta serviço foi diagnosticada como portadora de transtorno de ansiedade e encaminhada para psicoterapia. Os seus exames clínicos indicaram que ela tem pressão alta e está com sobrepeso. Maria relata que se sente feia e que ao comprar imagina que poderia melhorar sua aparência, além de ficar mais feliz e perder peso com os produtos para emagrecer que descobre nas redes sociais.
Ela comenta que o pai era muito bacana, mas depois que começou a frequentar o bar com os colegas de trabalho, passou a beber e fumar e isso prejudicou muito a relação com a mãe que implicava com a quantidade de cerveja dentro de casa, o que provocava muitas brigas ainda.
COMENTÁRIO
Maria apresenta os critérios diagnósticos para oniomania, com grande sofrimento e prejuízos em vários setores da sua vida. A procura por tratamento é o primeiro passo para identificar e em seguida auxiliá-la a lidar com a ambivalência das questões prazerosas e prejudiciais de seu comportamento.
DICAS:
Identifique se seu paciente e está:
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Fazendo compras por impulso;
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Comprando quando está triste ou deprimido;
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Escondendo as novas compras;
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Mentindo sobre os valores dos itens comprados;
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Sentindo ansiedade e euforia durante a compra;
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Comprando itens iguais;
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Se arrependendo e com vergonha ou culpa depois de comprar;
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Comprando muitos itens sem necessidade;
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Gastando mais do que o deveria por causa do descontrole emocional;
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Sentindo alívio momentâneo e imediato ao comprar.
O acompanhamento em psicoterapia e avaliação psiquiátrica para identificação de comorbidades é fundamental, assim como a introdução de medicações como os antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores do humor ou mesmo o Topiramato e a Memantina que vem sendo utilizados e testados em ensaios clínicos (Fonte: Hypescience).