Da sedução a manipulação: o perigo da mistura de elementos socioculturais com os quadro impulsivos
- Mirella Mariani

- 14 de fev. de 2023
- 4 min de leitura

Você certamente já esteve tranquilamente fazendo a sua vida andar, sem se preocupar especificamente com alguma coisa, como o trabalho, a moradia, os relacionamentos ou mesmo questões financeiras.
Não que essas questões deixem de merecer atenção constante, mas ao nos tornarmos responsáveis e maduros, o equilíbrio faz vida parecer mais calma e ajustada.
É bastante comum, porém, que justamente nesses momentos, surja um estímulo externo que chame a sua atenção.
Pense comigo… quando tudo está bem calmo, não parece que é justamente nessa hora, que algo diferente ganhe espaço para entrar e ainda por cima, pela porta da frente? Então imagine só se esse “algo diferente” for uma pessoa sedutora?
Aquele tipo que chega de mansinho, como quem não quer nada, mas que chega demonstrando “aparente” interesse legítimo. Vem agradando aos poucos, sugere temas do seu interesse, programas esporádicos, mas o que é mais importante: tem presença constante dando-lhe de repente uma sensação de segurança e familiaridade.
Está lançada a isca. Ter uma boa lábia é isso: motivar alguém, de forma intencional, ao se adotar uma ideia ou atitude para a qual não estamos preparados. Porém é justamente nessa hora que você precisa prestar extrema atenção! Pondere comigo: se suas necessidades emocionais básicas estão cobertas, seria esta interação ou relacionamento com este tipo de parceiro, uma boa saída?
A ideia aqui não é tirar a aventura da sua vida, mas não deixar você se meter em uma encrenca.
Os estudos mostram que as relações são modeladas por padrões comportamentais vivenciados na nossa infância, ou seja: a maneira que nossos pais cuidaram, deram limites, estabeleceram crenças e nos estimularam nesta fase irão estabelecer boa parte da nossa formação. Quero dizer que o padrão se estabelece a partir das memórias vivenciadas, tenham elas ocorrido de maneira funcional ou disfuncional, de forma assertiva ou passivo agressiva. Iremos repetí-las ou nos esquivar pelo processo de modelagem de acordo com a nossa personalidade.
Nossas escolhas são a razão que encontramos para enfrentar este padrão comportamental e para repetir ou lidar com as situações conflitivas que ele gerou. Um exemplo: uma criança que se sentiu preterida em relação ao irmão pela mãe, na vida adulta, além de poder brigar recorrentemente com esse irmão, de modo geral terá dificuldades de fidelizar com um único parceiro ou então irá procurar um tipo que não o confronte.
Dessa forma, visa resolver o seu trauma. São vários os erros neste caso. Seria mais saudável resolver entendendo aonde as dificuldades se estabeleceram, reconhecer os padrões comportamentais disfuncionais, como traços de personalidade e estabelecer estratégias de enfrentamento. Mas vamos retomar os motivos de alguém precisar seduzir ou cair na lábia de um sedutor. A relação está justamente nos transtornos de personalidade.
Se você está na mão de um sedutor, reavaliar seu padrão comportamental e os motivos que estabeleceram esta relação é fundamental. Se é o sedutor idem. Se você está insatisfeito consigo, é fundamental reconhecer suas falhas e características negativas, pois estabelecidos os padrões e desenvolvendo novas estratégias você será capaz de superar os obstáculos e deficiências externas e internas.
Por outro lado ao sentir-se inferior, poderá estabelecer a crença de que os poderes e as capacidades de alguém são extra suficientes, o que pode levá-lo a submissão. Esses sentimentos reforçados de inferioridade impedem o desenvolvimento em todos os âmbitos da sua vida. Ótimos exemplos de falhas no desenvolvimento pessoal e que podem resultar nos relacionamentos deste tipo, são os estabelecidos com portadores de transtornos de personalidade. De modo geral, essas pessoas demonstram como se sentem superiores e lhes falta empatia, ou seja, você precisa desconfiar de que está diante de um narcisista.
Nem a própria pessoa consegue saber bem o que a define e esse encontro pode se tornar uma relação tóxica e até abusiva. Está enfim estabelecida a lógica da sedução até a manipulação!
Ao longo do tempo, você estará diante de uma pessoa egoísta e com uma grande sensibilidade à monotonia, intolerante, o que a faz normalmente buscar estímulos e novidades, caracterizando uma inconstância nos relacionamentos que se tornam facilmente enjoativos (traço impulsivo).
Você será um instrumento de manipulação neste processo. Vamos relembrar: estamos diante de um transtorno de personalidade.
Alguém que tem uma percepção ruim do sexo oposto, de modo geral passou por rejeição, negligência ou abuso e isso resulta em frieza e na incapacidade de amar. Preste atenção e não confunda atração por diversas pessoas com respeito, e verifique se não é comum que haja a desqualificação de pessoas capazes em detrimento de medíocres.
A sedução é um instrumento natural e biológico que garante a preservação da nossa espécie. A neurociência mostra que existem áreas semelhantes ativadas no caso de uma situação de perigo e no início de uma conquista. Elas compõe o Sistema Límbico, provocando prazer e euforia, o que mantém esse comportamento reforçado no caso do sedutor. O problema é transformar algo prazeroso como a sedução em um instrumento de ganho pessoal, provocação ou de abuso. A personalidade narcisista “escolha” pessoas que lhe admiram tende a criar satélites que orbitam ao seu redor. Você não pode assumir esse papel!
Conquiste de volta a sua liberdade e estabeleça a distância: ela é sua segurança!
Conviva com sua família e seus amigos, eles sabem qual é seu valor!
Não ceda ou tenha recaídas, pois uma única gentileza poderá levar ao mesmo relacionamento abusivo de antes.
Mas principalmente não se culpe ou tenha vergonha pois ambas nos mantém presos no mesmo lugar, incentivando ruminações desnecessárias do que já passou.
Sua autoestima é sua melhor arma contra qualquer invasão!




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