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Sua confiança diz mais sobre você ou sobre no que ou em quem confia?

  • Foto do escritor: Mirella Mariani
    Mirella Mariani
  • 6 de mai. de 2024
  • 5 min de leitura

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Se você parou para refletir sobre o significado desse título e como, ou se faz sentido, é importante em primeiro lugar entender a origem da palavra CONFIANÇA. Sua origem vem do latim confidere e quer dizer “acreditar plenamente, com firmeza” e seu sufixo “fidere” significa fé. Mas o que é fé? Basicamente  é acreditar em algo, ou em alguém.

 

Ao reunir os conceitos de confiança e fé, que na verdade são complementares, é possível compreender que sua origem está associada a uma série de fatores determinantes, que percorrem: genética, convicções pessoais (personalidade), aspectos sociais (educação, oportunidades), ambiente (família, relacionamentos), cultura e história de reforçamento. Pessoas confiantes são seguras sobre si mesmas e de suas habilidades, não de maneira arrogante e superior, mas de uma forma assertiva. Em geral têm a capacidade de enfrentar os desafios da vida e ter sucesso. 

 

A confiança autêntica envolve estados de espírito e emoções, confiança em nós mesmos e nos nossos próprios julgamentos, confiança nos outros e a capacidade de perdoar quando acordos são quebrados. A confiança não pode ser construída se uma pessoa estiver disposta e a outra não. Nos ajuda a dar passos ousados ​​diante de obstáculos ou adversidades, porque nos motiva a desenvolver capacidade para superar e obter sucesso.


Alguns pesquisadores afirmam que a confiança é uma habilidade que pode ser desenvolvida por meio de treino ou modelagem, treinada sob um aspecto mais cognitivo e comportamental. Outros dizem que a confiança, tal com a capacidade cognitiva, é determinada pela genética.

 

E o que diz a genética?

 

Robert Plomin em seus estudos sugere que muitas medidas ambientais em psicologia mostram a influência da genética e que fatores genéticos podem mediar associações entre medidas ambientais e resultados de desenvolvimento. Em sua pesquisa com gêmeos idênticos e fraternos verificou respostas mais semelhantes nos gêmeos idênticos, com uma correlação entre confiança e os genes próxima 50% entre os irmãos (Plomin, R, 2023).

 

Mesmo encontrando essa correlação para confiança é importante lembrar que pela Epigenética genes relacionados com traços de caráter podem ser ativados e desativados, não sendo esta uma característica fixa, e consequentemente alterando a química do nosso cérebro e os nossos níveis de confiança, e quem nunca conheceu gêmeos idênticos que têm o mesmo DNA, mas personalidades diferentes.

 

A personalidade diz muito sobre você: de onde vêm as questões de confiança?

 

A confiança é essencial para relacionamentos felizes e gratificantes em nossa vida pessoal e profissional. Podemos levar anos para se desenvolvê-la, mas ela pode ser destruída num instante. As pessoas que apesentam dificuldades neste sentido, de modo geral tiveram experiências negativas significativas no passado com indivíduos ou organizações, as quais a princípio consideraram confiáveis.


Estudos mostram que os filhos de pais divorciados e os de lares abusivos têm maior probabilidade de apresentar problemas de intimidade, compromisso e confiança em relacionamentos futuros.

 

O ambiente interfere?

 

Embora os problemas muitas vezes ocorram como consequência de interações negativas vividas durante a primeira infância, a rejeição social durante a adolescência ou experimentadas em traumas vividos na idade adulta também podem provocar problemas ao indivíduo.

 

A traição na forma de infidelidade nos relacionamentos românticos pode causar problemas de confiança ao longo da vida de uma pessoa. Perder recursos financeiros de modo significativo ou sentir-se injustiçado por parte de figuras de autoridade pode provocar emoções negativas e pensamentos de desvalia ou desconfiança em relação não só às pessoas quanto às instituições. Bons exemplos disso são a fragilidade da economia do país, bem como as avaliações educacionais de desempenho nacionais ou de vacinação da população, resultando na perda de confiança de parte da população no sistema bancário, de educação, saúde e nas organizações governamentais.

 

Quando nos debruçamos em questões laborais vale apena ressaltar uma meta-análise realizada em  Harvard com dados de décadas. Seus resultados indicaram que pessoas com alto envolvimento na tarefa, ou seja, forte conexão com o trabalho e com seus colegas se sentiram verdadeiros colaboradores e desfrutaram de diversas oportunidades de aprendizado na empresa.


O que foi positivo tanto para os indivíduos quanto para as organizações.  E se avaliadas as recompensas para as empresas, foram: maior produtividade dos funcionários, produtos de melhor qualidade e maior lucratividade. Quando comparado com empresas com índices de baixa confiança x empresas de alta confiança observou-se: 74% menos estresse, 106% mais energia no trabalho, 50% mais produtividade, 13% menos faltas por doença, 76% mais engajamento, 29% mais satisfação com suas vidas, 40% menos esgotamento (Zak, 2017).

 

Confiar ou desconfiar, de que lado eu fico?

 

Na verdade a confiança se desenvolve ao longo do tempo, a partir de desafios gerenciáveis, é construída por meio da autonomia, contribui para a autoconfiança, gera o senso de propósito compartilhado e nos auxilia a construir parcerias bem-sucedidas e significativas. Com isto em mente, não parece difícil entender que as pessoas com problemas de confiança de modo geral tem dificuldade de se envolver em determinados contextos sociais, em relacionamentos estáveis, mantenham vínculos, tenham estabilidade financeira, sejam organizadas no trabalho ou não tenham mudado de plano muitas vezes, o que consequentemente as deixa muito distantes de levar uma vida mais gratificante. Você já ouviu aquela expressão: “Parece que ele está sempre correndo atrás do rabo!”. A questão é: não confia e não aproveita as oportunidades, não é de confiança e por isso não tem boas oportunidades.

 

Surpresa! A falta de confiança está ao seu lado e vem de onde menos espera, está nos ambientes mais comuns em que os indivíduos transitam: nas relações interpessoais (românticas ou não), nas negociações comerciais, na política e até mesmo no uso da tecnologia. E ainda mais surpreendente, estas diferentes facetas da vida estão cada vez cada vez mais conectadas, visto que no mundo de redes sociais e inteligência artificial, a desconfiança poderia possivelmente espalhar-se de uma parte da vida de uma pessoa para outra em um milissegundo, assim como este artigo.

 

O importante é que você saiba exatamente quem, o que, como e por que é ou não uma questão de confiar!

 

Dicas importantes:

 

Quando as pessoas compartilham um relacionamento bem-sucedido a demonstração de confiança ocorre de muitas formas:

 

  1. Demonstrar consideração e cuidado;

  2. Ouvir e apoiar um ao outro ou grupos;

  3. Mostrar respeito mútuo pelos limites;

  4. Resolver conflitos de maneira saudável;

  5. Cumprir compromissos combinados de todas as espécies;

  6. Não controlar ou monitorar um ao outro;

  7. Não fazer ameaças;

  8. Combinar as ações com as palavras;

  9. Ouvir um ao outro, mesmo em discordância;

  10. Manter compromissos firmados não importando o que aconteça.

 

 

Concluindo

 

Ganhar confiança leva tempo e confiança não é apenas uma escolha.

 

A vida é cheia de incertezas e está desconfiado de alguém ou confia plenamente em alguém, avalie os pontos acima e lembre que você deve continuar a confiar em si mesmo e nos sinais externos como bons indicadores. É bastante comum que uma pessoa transfira a sua falta de confiança para um novo parceiro ou em seu novo chefe, com medo de que a história se repita. Mas comum ainda, que deposite todas as suas fichas em uma nova namorada ou em um novo empreendimento, com a esperança de seguir em frente, pois com muita confiança, tudo será felicidade.

 

Se você está preso e sente que não consegue nem confiar no seu próprio julgamento, então este é o momento de procurar aconselhamento profissional de saúde mental. Pode inclusive não ser o melhor momento de iniciar um novo relacionamento, mudar de cidade, montar um negócio, fazer uma dívida e se afastar dos amigos e da família.

 

Avalie se você que é a pessoa que tem a confiança repetidamente violada ou aquela que não se preocupa em substituir pessoas como se fossem descartáveis. Em ambos os casos o seu sistema de crenças pode ser profundamente afetado, causando prejuízos e preocupações futuras.


Psicóloga Mirella Martins de Castro Mariani

 

REFERÊNCIAS

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Psicóloga Mirella Martins de Castro Mariani

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