Machismo, sexismo ou misoginia?
- Mirella Mariani

- 23 de abr. de 2024
- 4 min de leitura

Você tem uma mulher ao seu lado? Certamente tem a sua mãe, irmã, esposa, filha, amiga, colega ou funcionária! Por este motivo, é fundamental reconhecer se ela não está passando por nada parecido e se você está ignorando e desta forma, apoiando o mal estar de alguém. O importante é entender a diferença entre estes conceitos e reconhecer neles questões socioculturais, padrões familiares ou dificuldades biopsicossociais que modelem comportamentos e geram consequências aversivas e abusivas.
MACHISMO
O machismo é um comportamento, expresso por opiniões e atitudes, que rejeita e se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, que favorece o gênero masculino em detrimento do feminino. Nesse sentido, machismo é uma opressão, nas suas mais diversas formas, sofrida por mulheres e feita pelos homens.
Um ótimo exemplo disso é a célebre frase: “Isso não é coisa de menina”. O que não é coisa de menina? A pesquisa de opinião “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher”, aponta que para 71% das pessoas, o Brasil é um país muito machista, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem (Fonte: Agência Senado, 2021). O machismo é nesse sentido uma opressão, nas suas mais diversas formas, sofrida por mulheres e cometida pelos homens.
SEXISMO
No sexismo ocorrem discriminações baseadas no sexo ou na orientação sexual, não sendo consideradas necessariamente as mulheres como inferiores, sendo elas apenas fundamentalmente diferentes em formas, que afetam as suas capacidades, sendo assim em alguns aspectos necessário melhorá-las e em outros diminuí-las.
MISOGINIA
A misoginia palavra de origem grega significa ódio e aversão às mulheres. Nela não ocorre a conotação de ódio ou desprezo, mas a crença da inferioridade das mulheres, a sua inadequação para um determinado tipo de trabalho ou mesmo as suas capacidades especiais para outro tipo de trabalho “as mulheres são melhores professoras”, “as mulheres devem realizar as tarefas de casa” “uma mulher não é capaz de ser uma boa gestora” e por aí vai.
A misoginia é mais bem usada no seu sentido como relativa à misantropia. Os misantropos são geralmente hostis a outras pessoas. Eles consideram as outras pessoas com animosidade, desconfiança, antipatia e/ou desprezo. Portanto, um misógino seria alguém que é hostil às mulheres, não gosta delas ativamente ou as despreza ou as vê como menos que humanas.
ALGUNS NÚMEROS
Diversas pesquisas mundiais e nacionais demostram que estes fatores têm demostrado grande influência em diversas frentes e comportamentos. Uma delas, realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2023) ouviu pessoas em 80 países e no Brasil. O resultado indicou que 84,5% das pessoas têm pelo menos um tipo de preconceito contra mulheres. O mais assustador é que 87% das mulheres e 90% dos homens apresentaram pelo menos um preconceito de gênero.
Em 2017, primeiro ano de monitoramento sobre Feminicídio no Brasil, indicou a ocorrência de 961 casos. Já em 2022, o número de chegou a 28,6 mil denúncias, um aumento passando a ser quase 30 vezes maior do que o levantamento anterior. Além disso, cerca de 1,4 mil mulheres foram mortas no Brasil em 2022 pelo fato de serem mulheres. Foram ainda registrados mais de 74 mil estupros no mesmo ano, sendo que 6 em cada 10 vítimas tinham até 13 anos (Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública).
Apesar de as mulheres representarem 53% do eleitorado no Brasil, elas ocupam apenas 17,7% da Câmara dos Deputados e 12,3% do Senado Federal (Fonte: TSE).
Por outro lado, o número de lares com mulheres ocupando da função de protagonistas aumentou cerca de: 73%, passando de 22,2 milhões quase 39 milhões. O número de domicílios chefiados por mulheres no Brasil, especialmente sem cônjuge, disparou nos últimos 10 anos, sendo que mais da metade dos lares Brasileiros é sustentado por mulheres. Outro dado muito interessante e que vale como contraponto é que as mulheres recebem quase 25% a menos que os homens em seus empregos. Esta diferença é maior ainda se forem considerados os cargos de gerência e diretoria, assim elas ganham cerca de: 62% abaixo dos rendimentos dos homens (Fonte: IBGE).
O que é alarmante é que existe uma predominância feminina na educação profissional e tecnológica (EPT), com 57,9% (1,3 milhões) das matrículas para elas. No que se refere à educação de jovens e adultos (EJA) a percentual corresponde aos 52% elas corresponde sendo 1,3 milhões do total (Fonte: Ministério da Educação)
CONCLUSÃO
A falta de informação e de formação emocional provoca a ambivalência dos valores. Todos estes conceitos, para a visão da psicologia resultam de lutas infantis não resolvidas. A modelagem, o abando, o excesso de cuidado, o preconceito podem gerar a inveja hostil pelas mulheres, uma ansiedade persecutória, conflitos de poder e até mesmo a dependência com prejuízos para a autoestima masculina. Esta descompensação resultará em um adulto para desenvolvimento do é em geral, mais influenciado pelas mães do disfuncional em seus relacionamentos: opressor, abusador, preconceituoso e dependente.
DICAS
Eduque meninas e meninos para um mundo com oportunidades iguais.
Disponibilize conhecimento de qualidade e compartilhe com sua parceira ou parceiro o cuidado afetuoso e com limites bem definidos de comum acordo aos seus filhos.
Preste atenção e ajude suas mulheres, seus homens e concentre-se na sua percepção ao lidar com comportamentos disfuncionais.
Avalie e não reforce o que trará consequências negativas para uma relação social saudável, pois você certamente tem por perto alguém assim!
Psicóloga Mirella Mariani




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